A tradicional Procissão das Sanfonas, realizada anualmente em Teresina no dia 2 de agosto, foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Piauí. A lei foi sancionada pelo governador em exercício, Severo Eulálio, e publicada no Diário Oficial do Estado nesta quarta-feira (14).
A proposta, de autoria do deputado estadual Francisco Limma (PT), reconhece o valor histórico, artístico e simbólico da manifestação cultural que surgiu do desejo dos gonzaguianos piauienses de preservar e espalhar o legado de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
Criada em 2008, a Procissão das Sanfonas completa 17 anos em 2025. A iniciativa foi idealizada pelo professor Wilson Seraine, em conversa com o memorialista Reginaldo Silva, que sugeriu uma homenagem mais festiva à memória de Luiz Gonzaga, falecido em 2 de agosto de 1989.
Desde a primeira edição, quando sanfoneiros subiram em um caminhão para percorrer as ruas do Centro de Teresina, o cortejo cresceu e se consolidou como manifestação de resistência da cultura nordestina. O trajeto atual parte da Igreja Catedral de Nossa Senhora das Dores, com bênção das sanfonas, e segue até o Museu do Piauí, passando pelo calçadão da Rua Simplício Mendes.
Além da música, o evento é marcado pelo encontro de gerações. A cada ano, aumenta o número de jovens sanfoneiros que se integram ao cortejo, o que demonstra que o instrumento não pertence apenas ao passado, mas faz parte do futuro da música nordestina.
A Procissão das Sanfonas também coleciona reconhecimentos. Em 2021, venceu o Prêmio Profissionais da Música (PPM), na categoria “Som na Rua”. No ano anterior, durante a pandemia, o evento foi realizado de forma virtual e homenageou nomes como Maria da Inglaterra e Sivuca.
“Mais do que um evento, a Procissão é um movimento de valorização da identidade nordestina, da memória musical e da ocupação afetiva do Centro de Teresina. É a celebração de quem somos”, destaca o texto da justificativa do projeto.
Com a sanção, a manifestação passa a integrar o rol de expressões culturais protegidas por lei no estado. O Poder Executivo deve agora realizar os registros oficiais no órgão competente, conforme determina a legislação sobre patrimônio imaterial no Piauí.Cidadeverde.com